segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Finanças - Teoria do Portfolio na minha visão crítica

Olá clientes e amigos leitores do blog Holanda Trader!

Nossos números não param de crescer e ultrapassamos as 6.200 visitas no Blog mês passado. Obrigado a todos pela paciência de ler assuntos tão variados por aqui, afinal são elocubrações próprias de temas que me veem à cabeça . Não sigo nenhuma linha de raciocínio na sucessão dos posts, oscilo entre teoria geral e análise de ativos no dia da escrita.

Hoje resolvi comentar sobre ações, alavancagem, prêmio de risco e teoria moderna de portfólio.
Vamos começar? Vou tentar introduzir o assunto da forma mais breve possível e mostrar criticamente as falhas dos conceitos e modelos que a comunidade acadêmica aceita como verdades universais.

Ação é a menor porção do capital social de uma empresa. Certamente você já ouviu esse conceito centenas de vezes. Na prática ouço dizerem que ação é a menor porção de uma empresa. Será mesmo?
Não!
Quando você compra uma ação, você adquire (eletronicamente) o direito correspondente ao conceito acima, mas a ação em si que você acabou de comprar não é um pedaço físico da empresa, como alguns estufam o peito para falar. Se você desistir do negócio e resolver sair, provavelmente haverá liquidez no cassino eterno da Bolsa de Valores que te fará ofertas para tirar de você o negócio. Se tiver muita pressa ou se seu volume de vendas for alto, certamente você irá derrubar os preços e causar prejuízo a si mesmo na venda de suas ações. A ação que compramos na Bolsa nos dá direitos que correspondem ao conceito de sócio (acionista) da empresa na proporção do número (%) de ações possuídas, Com os custos absurdos para se abrir capital de empresa em bolsa aqui no Brasil e com a baixa taxa de juros que vinha sendo fornecida pelos bancos de incentivo econômico, nossa Bolsa tem dificuldades de crescer via emissão de ações. Fica muitas vezes mais barato um empréstimo a perder de vista subsidiado pelo governo nos bancos de incentivo a gastar alguns milhões na abertura do capital da empresa com finalidade de captar recursos. Se ainda assin você conseguir abrir o capital da sua empresa, parabéns. Só em ter uma empresa que valha a pena num cenário em que a taxa livre de risco está em 13,75% já faz inveja ao ROE de muita empresa boa por aí.
Mas vamos voltar ao assunto inicial... uma ação apresenta variação em suas cotações em bolsa muito maior que a mudança no valor intrínseco da empresa, de modo que uma ação NÃO é um pedaço da empresa diretamente. A ação corresponde a isso legalmente, mas na prática ela é uma função da empresa, não exatamente A empresa. Seria possível matematicamente representar a ação usando a empresa como ativo base da função matemática. Acho que ficou claro o que quis dizer.

O mercado acionário norteamericano apresenta um retorno médio de 6,8% acima da inflação, enquanto os títulos públicos de lá (bonds) apresentam retorno histórico de 2,8%, qual o melhor investimento? Os retorno no Brasil podem ser calculados nos últimos 22 anos do Real. Recebo essa pergunta quase todos os dias de clientes querendo saber no Brasil hoje qual o "melhor" para se investir agora? Bem, não há como afirmar o melhor investimento. Explico, há uma difusão em massa do investimento da década, o melhor investimento da década, etc, mas isso é opinião de analista e não verdade universal. Vou tentar explicar: por que ações apresentam retorno médio histórico (os retorno acima são baseados na média geométrica anual dos últimos 200 anos do SP500) bem acima dos títulos? Prêmio de risco. Como assim? Você é remunerado a mais por correr mais riscos. Ok. Decorou, fez a prova e tirou 10, mas e daí? Quem me dá o prêmio de risco? Quem faz a ação se valorizar mais para que eu ganhe mais? A entidade Sr Mercado? Obviamente dinheiro não cai do céu, muito menos na selva dos mercados. No final das contas o preço sobe porque há mais compradores, ou ao menor mais gente querendo comprar no tempo t0 que gente querendo vender. Ou ainda, se os compradores aceitam pagar os preços mais altos pedidos pelos vendedores num dado momento, ou ainda se a ansiedade e pressa de comprar faz com que os compradores paguem de imediato e em bom volume as ofertas de vendas do momento. Pronto. Voltamos ao mais básico conceito que você aprendeu na infância: oferta e procura. Se houver uma grande crise como a de 2008, há uma saída em massa de capital da bolsa, o chamado risco sistêmico e as técnicas ensinadas na faculdade de diminuição de risco através da diversificação se tornam falhas e NULAS! Isso não falaram na sua aula, né? É muito bonito falar em risco como sendo desvio padrão, quando na verdade risco é a possibilidade do resultado de um evento não ser o esperado, ou ainda a possibilidade de perder dinheiro. Isso é risco! Desvio padrão é apenas um conceito estatístico de variância dos valores em estudo e usado comumente para medir risco. Ora, e podemos medir riscos? Nosso cérebro racional e linear espera que sim. Na prática não. Os grandes feitos históricos são como cisnes negros: imprevisíveis, catastróficos e facilmente explicáveis depois que acontecem. Só depois, grave isso. As grandes altas da bolsa se resumem a poucos dias de alta no ano. O restante do tempo nada acontece. Bem, vamos voltar ao conceito de riscos do ponto de vista acadêmico e esquecer a realidade do mundo. Nossos clientes usam o Setup Holanda Trader que é baseado em obter grandes resultados dos eventos de cauda, com alta curtose e swekness positivo (falaremos disso depois, fora desses conceitos lindos e que de nada servem na prática), por isso ganhamos tanto na prática.
Então se considerarmos que os ativos apresentam determinada rentabilidade histórica (você vai aguardar 200 anos para obter o retorno médio? Ou vai começar a investir em 2007 imediatamente antes da crise e passar vários anos no prejuízo? Ou você se acha realmente capaz de acertar o fundo do mercado? Afinal você é mais inteligente que a média das pessoas, não é verdade? Kkkkk Isso é assunto de outra postagem quando for falar de finanças comportamentais... ps: não rí da sua cara, rí do viés cerebral que possuímos em achar que somos acima da média), eu só colocaria na minha carteira os ativos mais rentáveis, certo? E então poderia afirmar ter o melhor investimento, certo? Errado novamente. Se considerarmos risco igual à volatilidade, e volatilidade igual ao desvio padrão, podemos criar uma função entre risco e retorno. De modo geral, quanto maior o retorno, maior o risco, certo? Pelo menos é assim que você escuta o flanelinha falar.  Bom, queria falar outras coisas agora, mas vou me deter ao ponto inicial.
Imagine uma empresa A que tem retorno médio histórico de 15%a.a. (pode esquecer essa coisa de retorno médio em ações, pois não existe, é necessário rejeitar a hipótese de ergodicidade e aceitar que a base estatística está em constante mudança de forma que os cálculos realizados com os dados de ontem não servem para amanhã, mas por enquanto é só o que temos) e desvio padrão de 30. Bom, eu sei que se eu comprar 100 Reais dessa empresa hoje, daqui há 1 ano eu espero ter 115. Ok. Mas eu quero mais. Gostaria de obter 45% ao ano de retorno, é possível? Sim, basta alavancar. Qualquer corretora te permite fazer isso. Então pegamos 200 emprestado da corretora, devolvemos a taxa do aluguel e temos agora 300 Reais investidos na empresa A, que me dará 15% de retorno, no caso como meu capital inicial está triplicado, o retorno sobre os 100 iniciais será de 45%. Legal. Posso seguir essa equação de forma linear até obter o retorno que eu (ou o cliente) desejo. Daí tantas propagandas de corretoras de Forex com anúncios de alavancagem de até 500:1. Ou seja, com 10 mil Reais você opera o equivalente a 5 Milhões. Parece bom, né? Vamos falar do risco. Fórmula da variância é (retorno)^2. Logo o desvio padrão aumenta exponencialmente com o aumento dos retornos e num sistema 500:1 é bem provável que você quebre antes de obter qualquer retorno relevante (se não souber fazer os cálculos de ajuste de posição baseado na volatilidade do ativo). Então, por esse conceito básico, realmente quanto maior o retorno, maior o risco (entendido contra minha vontade como variância, desvio padrão). Isso foi verdade até 1952 quando Markowitz (após ler a tese de doutorado de John Williams) estava conversando no corredor da universidade e veio em mente a possibilidade de expandir o conceito e pensar num portfólio (conjunto de ativos numa carteira). Ele passou 2 dias pensando e calculando... se eu tenho todos os dados do ativo, eu posso calcular a variância, covariância, desvio padrão, retorno, etc. Combinou ativos e verificou que a combinação de ativos de covariância diferentes podem reduzir a volatilidade do portfólio. Parece básico hoje, né? Mas até 1952 NINGUÉM havia pensado nisso. O investidor gosta de retornos, mas não gosta de risco. Como obter uma forma de conseguir maior retorno sem aumentar proporcionalmente o risco? Markowitz deu a resposta e quebrou o paradigma. Se eu considerar risco igual a desvio padrão, a combinação de ações ou ativos com covariâncias diferentes me darão um menor desvio padrão, de forma que posso aumentar o retorno da minha carteira para um dado desvio padrão originalmente aceito. De modo contrário, para um mesmo nível de retorno esperado na carteira, posso combinar ativos de modo a diminuir o risco da carteira. Entenderam? Assim foi criado o conceito de fronteira eficiente, dado pela combinação dos ativos que darão o maior retorno possível para um determinado nível de risco que o investidor esteja disposto a aceitar. Se eu quiser maior retorno, aumentará o nível de risco da carteira, porém de forma não proporcional ao aumento do retorno. Ou seja, não temos mais uma função linear como inicialmente, mas agora uma hipérbole, como secção inclinada do cone. Concluímos que não há o melhor investimento, como falei inicialmente. Há uma combinação de ativos que combinados em determinadas proporções me darão o retorno desejado com um risco (entendido como variância, não canso de repetir pois isso não é exatamente meu conceito de risco) abaixo do que seria esperado para os ativos individuais que compõem a carteira. Ou seja, é possível aumentar o retorno e diminuir o risco SIM! Seu consultor financeiro certamente te dará opções de carteiras otimizadas. Eu tenho uma forma própria de calcular o peso das ações num portfólio individual do cliente após ele preencher o meu questionário de perfil de risco. Sigo o mesmo princípio de primeiro saber o retorno desejado e então calcular para diminuir o risco da carteira, facilitando a aplicação psicológica do investimento nos bons e maus períodos de retorno que inevitavelmente ocorrem.

Hoje vejo muitos colegas planejadores financeiros recomendando compra de NTN-B2035 e LTN2023 como sendo as melhores opções na renda fixa brasileira, e ainda mais que Bolsa no Brasil não paga prêmio de risco, blá blá blá... Ok. Concordo com essas opções e pessoalmente as tenho em carteira. No caso das NTNs compramos quando os juros passam dos 6% e venderemos quando eles atingirem 3% embolsando a diferença. Quanto mais rápido for a queda e quando mais longo o duration do título, maior será a rentabilidade. Tenho operado renda fixa com objetivos de 200% do CDI e neste ano já atingimos essa marca (faltam 10 dias para acabar o ano). O cálculo da rentabilidade é relativamente simples, bastando dividir o valor do título pela taxa elevada ao período do título, nas duas taxas em estudo. Assim terá o ganho de rentabilidade só pela queda dos juros, além é claro da rentabilidade obtida pela passagem do tempo. Para calcular o preço da NTN dá um pouco mais de trabalho pois vamos precisar do VNA. Vou deixar a demonstração do cálculo para uma próxima postagem. Quanto à LTN realmente gosto muito, em especial a mais longa (2023) pois estão embutindo uma inflação bem acima da que iremos presenciar na realidade (essa é minha tese), o que se transformará em rentabilidade real no bolso em mais 1 ou 2 anos. Ou seja, os títulos AINDA estão sendo vendidos como se a inflação implícita (futura) estivesse acima do centro da meta (em torno de 5% hoje). Se você também acha que ela estará no centro ou abaixo, certamente terá uns 7% de lucro real no bolso, podendo até superar as NTNs. As mais longas ganharão mais, pois o prazo é o coeficiente exponencial ao qual a rentabilidade está atrelada. Como as LTN valem 1000 no vencimento, basta aplicar o desconto da taxa para se obter o valor do título hoje de forma fácil e direta.
Certo, mas e daí? Então esse seria o melhor investimento? Não né? Já falei acima. Depende de sua propensão ao risco. Uma carteira apenas com esses dois títulos terá uma alta volatilidade relativa e o retorno é imprevisível no tempo, não sendo a reta de Sharpe igual a 1 obtido com a Selic. Poderemos inclusive passar períodos de retorno negativo (índice Sharpe negativo) mesmo sendo apenas com títulos de renda fixa e períodos praticamente sem retornos (onde o CDI vai nos bater). Porém, se a tese macro do investimento estiver correta, é possível repetir os 200% do CDI até o final do próximo ano. Quem não aceita a alta volatilidade, terá que montar uma carteira com menor objetivo de retorno, 110-150% do CDI através da combinação de títulos. Aí entram os princípios de Markowitz comentado acima... certamente deixando um bom retorno com baixa volatilidade durante o ano. Seu gráfico estará mais para uma reta ascendente que o zig zag da minha carteira pessoal. Sim, tenho alta volatilidade e só assim consegui (junto com alguns clientes) obter mais de 100% de rentabilidade na carteira geral de ações de 2016. Para mais detalhes do nosso Setup Holanda Trader em ações e Consultoria em investimentos, favor entrar em contato pelo holandatrader@hotmail.com

Já escrevi bastante e não vai dar para terminar essa conversa. Ainda ficou faltando falar do conceito de portfólio de mercado e sua tangente com a fronteira eficiente como sendo o portfólio ótimo. Fica para outro dia. Queria ainda fazer uma crítica à Teoria de investimento em Valor x Hipótese de Mercado Eficiente, mas seria longo e fica pra próxima.

Ps: índice Sharpe é calculado pela diferença de retorno do mercado com a taxa livre de risco, ajustada pelo desvio-padrão das cotações. Não é um bom indicador para avaliar estratégias de alta curtose com skew positivo, por se basear em curva de Gauss. Traders Seguidores de Tendência não o utilizam como parâmetro, embora seja universalmente usado pela indústria de fundos de investimentos como pseudo marcador de competência do gestor. Não caia nessa se seu objetivo é obter retorno absoluto.

Abraço a todos e bons trades,
Holanda Trader

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