terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Ok, e a inflação no período...

Pronto. Vamos resolver as últimas pendências nos dados, conforme solicitações por email.

Segue a inflação oficial (IPC-A) dos períodos em que calculei os retornos da renda fixa e Bolsa no Brasil.
Dados obtidos do IBGE:

Inflação dos últimos:

20 anos:
252% ou 6,49% a.a.

16 anos:
185,42% ou 6,77% a.a.

10 anos:
83,52% ou 6,26% a.a.

5 anos:
41,32% ou 7,16% a.a.

Obviamente para se obter o retorno real das referências que postei anteriormente teremos que subtrair o IPCA do período ( na verdade o cálculo correto é dividir o montante final pelo novo valor corrigido pelo IPCA no final do período, mas isso seu consultor financeiro fará para você).

Importante lembrar que apesar da alta recente da inflação, estamos caminhando para o centro da meta nos 4,5% a.a. em 2018, pelas projeções atuais (não significa que necessariamente irá se materializar).

100% CDI nos últimos:

20 anos (até 11/2016, último dado fechado disponível)
1750,30% ou 15,71% a.a.
 ou 5,26% a.a. de juros real

16 anos:
678% ou 13,68% a.a.
ou 6,47% a.a. de juros real

10 anos
183% ou 10,96% a.a.
ou 4,43% a.a. de juros real

5 anos
66,92% ou 10,79% a.a.
3,39% a.a. de juros real

A análise do passado mostra como os atuais 6,5% de juros real que foi oferecido neste ano de 2016 foi uma excelente oportunidade para se travar a rentabilidade com o uso de pré-fixados e indexados ao IPCA, pois estivemos até mês passado num dos pontos mais altos da curva de juros real (que por sinal estava invertida e proporcionou ganhos na ponta curta no início do ano). Quem se posicionou como recomendamos estará pronto para bater os 200% do CDI em 2017, se tudo caminhar conforme previsto.

De dados passados já basta. Vamos manter todas as apostas para 2017:
1- Queda dos juros
2- Alta da Bolsa
3- Sem expectativas significativas quanto ao dólar e fundos imobiliários
4- Metais preciosos em pequena proporção
5- Commodities possivelmente queda, mas não investimos em commodities, apenas especulamos nos movimentos de curto prazo.

Vou indo,
Abraços e bons trades,
Holanda Trader

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Uma Breve História do Tempo (financeiro)

Estava sem nada para fazer e fui calcular os retornos de alguns investimentos feitos no passado... Já tinha feito esse exercício alguns anos atrás, mas depois de uma discussão que tive com um cliente sobre o Prêmio de Risco que falei no post anterior, resolvi refazer e atualizar os cálculos.
Vou simplesmente colocar os resultados abaixo e no final digo meu pensamento sobre o assunto. Não consigo pensar de outra forma, não consigo seguir o academicismo do buy and hold, retorno médio, carteira de mercado de Markowitz, Teoria do Passeio aleatório e Mercados Eficientes. Como disse Warren Buffet, “todo investidor que conheço que acredita que os mercados são eficientes, é pobre”. Desculpem se fui grosso (não sou rico), mas os dados abaixo apenas provarão a idéia. Vamos lá.

Retorno anual composto - 20 anos
CDI: 15,67%
Ibovespa: 11,76%

Retorno anual composto  - 16 anos
CDI: 13,67%
Ibovespa: 9,52%
Carteira do Setup Holanda Trader: 17,66%

Retorno anual composto – 5 anos
CDI: 10,85%
Ibovespa: 0,8%
Carteira do Setup Holanda Trader: 36,85%

1-      Primeira e mais óbvia conclusão: o Setup Holanda Trader bate com folga todos os benchmarks do mercado. Tem sido historicamente assim, só não tenho como “garantir” (como alguns perguntam repetidas vezes) que continuará assim. O que posso dizer é que a filosofia é baseada nas estratégias dos melhores traders do mundo (sim, já gastei bastante tempo e dinheiro para obter essas informações) e a operacionalização é relativamente simples, estando hoje 100% definida em suas regras, de modo que a execução se torna sistemática. Continuarei colocando a maior parte do (pouco) que tenho nela.
2-      O CDI ganha com folga do Ibovespa nos 3 períodos analisados. Se encurtarmos o período de análise para um ano de alta forte do Ibovespa, o resultado muda, obviamente para uma grande vantagem do Ibovespa. Se encurtarmos o período de análise para um ano de queda forte do Ibovespa, o diferencial do CDI fica ainda mais gritante. Aqui me refiro ao retorno anual composto MÉDIO do período analisado, e nesse período, os retornos médios mostram que o CDI ganha de lavada do Ibovespa, o que poderia provar a hipótese de que no Brasil (devido às mais altas taxas de juros reais do mundo) a Bolsa de Valores não paga prêmio de risco (conceito conhecido e provado em vários estudos nos EUA e Europa). Vantagem para nós que temos acesso à forma fácil, segura e pouco volátil de ganhar dinheiro com investimento em juros.
3-      Os retornos do CDI tem sido decrescente ao longo dos períodos analisados. Acredito que continuaremos nessa trajetória de queda do resultado nominal (devido ao melhor controle da inflação) e também do resultado real (estabilidade e amadurecimento da economia). Há uma forte possibilidade de que à medida que o juros real vá caindo, a atratividade para o setor empresarial aumente e venhamos a ter prêmio de risco na Bolsa Brasileira (ou seja, os retornos na Bolsa se tornem maior que dos juros), mostrando um crescimento real da economia através do empreendedorismo. Por enquanto isso é especulação devido às dificuldades de abrir e rentabilizar uma empresa por aqui. Façam suas apostas e montem suas carteiras para um futuro desconhecido (sim, é possível montar carteiras que ganham em cenários não-previstos com o uso de hedge e antifragilidade).
4-      Retornos do Ibovespa tem sido decrescente nos períodos analisados. Como os retornos em Bolsa variam enormemente com o período analisado, além de sofrerem influência também da inflação e principalmente do período analisado (ainda estamos abaixo do topo de 2007, 9 anos depois!), considero que a base de 20 anos é muito pequena para concluir alguma coisa em Bolsa. Gosto de usar o gráfico dolarizado de longuíssimo prazo e vejo que já cravamos um fundo no início de 2016 e temos um forte espaço para altas na Bolsa nos próximos 5 anos, pelo menos. Com isso, pode ser que os resultados futuros no Ibovespa sejam totalmente discrepantes dos últimos 5.
5-      Os resultados dos últimos 5 anos com o Setup Holanda Trader ultrapassam (e muito) qualquer parâmetro, inclusive o histórico da própria carteira, mostrando que a estratégia se beneficia principalmente em cenários ruins em bolsa, como foi o caso dos últimos 5 anos. Ou seja, extrapolamos qualquer métrica do mercado nos últimos anos e continuo otimista para o longo ciclo de alta bursátil que provavelmente teremos nos próximos anos. Com o meu Setup estaremos ganhando bem nas altas e perdendo quase nada (ou até lucrando) nas quedas que inevitavelmente acontecerão. Para os mais céticos, o drawdown histórico do sistema é menor que do Ibovespa (mais detalhes por email).


Acho que com essas informações consigo mostrar porque não sou buy and holder em Bolsa. Não tenho como prever um futuro imprevisível. Será que o Ibovespa vai realmente subir forte nos próximos 5 anos? Acredito que sim, mas não tenho como saber. Minha esperança não vale nada. O que vale é a realidade dos fatos e o passado tem algo a nos ensinar. Se eu tivesse tanta certeza assim, colocaria tudo em Bolsa e voilà! Não é o caso. Sigo minha estratégia e meu Setup. Se acredito que os juros vão cair ao longo dos anos, não investirei mais em renda fixa? Claro que não. Continuo investindo no que é mais seguro e rentável historicamente. Agora imagine quantas centenas de horas queimamos nossos neurônios tentando montar uma carteira eficiente por Markowitz para no final das contas vermos que a porção em Bolsa foi a que menos ganhou e ainda adicionou volatilidade ao portfolio. Estou fora também, embora use a filosofia na prática. Mercado Eficiente? Se for, Warren Buffet é resultado da sorte. Se for, análise fundamentalista e Teoria de Investimento em Valor são nulas. Convergência preço x valor é fruto do acaso ou de mudanças na alocação sistêmica macroeconômica em nível local e mundial? Estou fora também. Adoro discutir esses assuntos e ainda os estudos regularmente, porém não utilizo na prática. Só filosofia. Análise bottom-up e top-down? Estou fora também. Stock picking? Sim, uma possibilidade de ganhos no longo prazo, porém para pouquíssimos gestores do Brasil. Estou fora.  Lembre do risco sistêmico. Timming? Uma possibilidade técnica, porém impossível na prática de muitos anos. Não conheço nenhum trader com resultados consistentes a nível de portfolio nos últimos 20 anos baseado apenas em timming de bolsa. E os gurus das ondas de Elliott que preveem o futuro? E as dicas da corretora? E a dica do amigo que ouviu falar no Jornal da Noite... Balela não falta.
Siga a tendência.
Resumindo: 1- Nossa renda fixa continua imbatível e continuo apostando nela (na verdade tenho batido o CDI apenas com a carteira de renda fixa). 2- Investir em Bolsa? Estou fora. Especulo em Bolsa e ganho muito mais com menor oscilação usando o Setup Holanda Trader que eu mesmo desenvolvi (no meio do caminho terminei desenvolvendo uma dezena deles, mas o atual se destaca). 3- CDI bate a bolsa nos últimos 20 anos analisados. Não invente. O mais simples de todos ganhou da complexidade do Ibovespa. Considere ainda que 90% dos traders perdem para o Ibovespa no longo prazo.  4- Setup Holanda Trader bate tudo (com volatilidade maior que o CDI, porém menor que o Ibovespa). 5- Não temos como prever o futuro. Siga a tendência.

Abraços e bons trades,

Holanda Trader

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Finanças - Teoria do Portfolio na minha visão crítica

Olá clientes e amigos leitores do blog Holanda Trader!

Nossos números não param de crescer e ultrapassamos as 6.200 visitas no Blog mês passado. Obrigado a todos pela paciência de ler assuntos tão variados por aqui, afinal são elocubrações próprias de temas que me veem à cabeça . Não sigo nenhuma linha de raciocínio na sucessão dos posts, oscilo entre teoria geral e análise de ativos no dia da escrita.

Hoje resolvi comentar sobre ações, alavancagem, prêmio de risco e teoria moderna de portfólio.
Vamos começar? Vou tentar introduzir o assunto da forma mais breve possível e mostrar criticamente as falhas dos conceitos e modelos que a comunidade acadêmica aceita como verdades universais.

Ação é a menor porção do capital social de uma empresa. Certamente você já ouviu esse conceito centenas de vezes. Na prática ouço dizerem que ação é a menor porção de uma empresa. Será mesmo?
Não!
Quando você compra uma ação, você adquire (eletronicamente) o direito correspondente ao conceito acima, mas a ação em si que você acabou de comprar não é um pedaço físico da empresa, como alguns estufam o peito para falar. Se você desistir do negócio e resolver sair, provavelmente haverá liquidez no cassino eterno da Bolsa de Valores que te fará ofertas para tirar de você o negócio. Se tiver muita pressa ou se seu volume de vendas for alto, certamente você irá derrubar os preços e causar prejuízo a si mesmo na venda de suas ações. A ação que compramos na Bolsa nos dá direitos que correspondem ao conceito de sócio (acionista) da empresa na proporção do número (%) de ações possuídas, Com os custos absurdos para se abrir capital de empresa em bolsa aqui no Brasil e com a baixa taxa de juros que vinha sendo fornecida pelos bancos de incentivo econômico, nossa Bolsa tem dificuldades de crescer via emissão de ações. Fica muitas vezes mais barato um empréstimo a perder de vista subsidiado pelo governo nos bancos de incentivo a gastar alguns milhões na abertura do capital da empresa com finalidade de captar recursos. Se ainda assin você conseguir abrir o capital da sua empresa, parabéns. Só em ter uma empresa que valha a pena num cenário em que a taxa livre de risco está em 13,75% já faz inveja ao ROE de muita empresa boa por aí.
Mas vamos voltar ao assunto inicial... uma ação apresenta variação em suas cotações em bolsa muito maior que a mudança no valor intrínseco da empresa, de modo que uma ação NÃO é um pedaço da empresa diretamente. A ação corresponde a isso legalmente, mas na prática ela é uma função da empresa, não exatamente A empresa. Seria possível matematicamente representar a ação usando a empresa como ativo base da função matemática. Acho que ficou claro o que quis dizer.

O mercado acionário norteamericano apresenta um retorno médio de 6,8% acima da inflação, enquanto os títulos públicos de lá (bonds) apresentam retorno histórico de 2,8%, qual o melhor investimento? Os retorno no Brasil podem ser calculados nos últimos 22 anos do Real. Recebo essa pergunta quase todos os dias de clientes querendo saber no Brasil hoje qual o "melhor" para se investir agora? Bem, não há como afirmar o melhor investimento. Explico, há uma difusão em massa do investimento da década, o melhor investimento da década, etc, mas isso é opinião de analista e não verdade universal. Vou tentar explicar: por que ações apresentam retorno médio histórico (os retorno acima são baseados na média geométrica anual dos últimos 200 anos do SP500) bem acima dos títulos? Prêmio de risco. Como assim? Você é remunerado a mais por correr mais riscos. Ok. Decorou, fez a prova e tirou 10, mas e daí? Quem me dá o prêmio de risco? Quem faz a ação se valorizar mais para que eu ganhe mais? A entidade Sr Mercado? Obviamente dinheiro não cai do céu, muito menos na selva dos mercados. No final das contas o preço sobe porque há mais compradores, ou ao menor mais gente querendo comprar no tempo t0 que gente querendo vender. Ou ainda, se os compradores aceitam pagar os preços mais altos pedidos pelos vendedores num dado momento, ou ainda se a ansiedade e pressa de comprar faz com que os compradores paguem de imediato e em bom volume as ofertas de vendas do momento. Pronto. Voltamos ao mais básico conceito que você aprendeu na infância: oferta e procura. Se houver uma grande crise como a de 2008, há uma saída em massa de capital da bolsa, o chamado risco sistêmico e as técnicas ensinadas na faculdade de diminuição de risco através da diversificação se tornam falhas e NULAS! Isso não falaram na sua aula, né? É muito bonito falar em risco como sendo desvio padrão, quando na verdade risco é a possibilidade do resultado de um evento não ser o esperado, ou ainda a possibilidade de perder dinheiro. Isso é risco! Desvio padrão é apenas um conceito estatístico de variância dos valores em estudo e usado comumente para medir risco. Ora, e podemos medir riscos? Nosso cérebro racional e linear espera que sim. Na prática não. Os grandes feitos históricos são como cisnes negros: imprevisíveis, catastróficos e facilmente explicáveis depois que acontecem. Só depois, grave isso. As grandes altas da bolsa se resumem a poucos dias de alta no ano. O restante do tempo nada acontece. Bem, vamos voltar ao conceito de riscos do ponto de vista acadêmico e esquecer a realidade do mundo. Nossos clientes usam o Setup Holanda Trader que é baseado em obter grandes resultados dos eventos de cauda, com alta curtose e swekness positivo (falaremos disso depois, fora desses conceitos lindos e que de nada servem na prática), por isso ganhamos tanto na prática.
Então se considerarmos que os ativos apresentam determinada rentabilidade histórica (você vai aguardar 200 anos para obter o retorno médio? Ou vai começar a investir em 2007 imediatamente antes da crise e passar vários anos no prejuízo? Ou você se acha realmente capaz de acertar o fundo do mercado? Afinal você é mais inteligente que a média das pessoas, não é verdade? Kkkkk Isso é assunto de outra postagem quando for falar de finanças comportamentais... ps: não rí da sua cara, rí do viés cerebral que possuímos em achar que somos acima da média), eu só colocaria na minha carteira os ativos mais rentáveis, certo? E então poderia afirmar ter o melhor investimento, certo? Errado novamente. Se considerarmos risco igual à volatilidade, e volatilidade igual ao desvio padrão, podemos criar uma função entre risco e retorno. De modo geral, quanto maior o retorno, maior o risco, certo? Pelo menos é assim que você escuta o flanelinha falar.  Bom, queria falar outras coisas agora, mas vou me deter ao ponto inicial.
Imagine uma empresa A que tem retorno médio histórico de 15%a.a. (pode esquecer essa coisa de retorno médio em ações, pois não existe, é necessário rejeitar a hipótese de ergodicidade e aceitar que a base estatística está em constante mudança de forma que os cálculos realizados com os dados de ontem não servem para amanhã, mas por enquanto é só o que temos) e desvio padrão de 30. Bom, eu sei que se eu comprar 100 Reais dessa empresa hoje, daqui há 1 ano eu espero ter 115. Ok. Mas eu quero mais. Gostaria de obter 45% ao ano de retorno, é possível? Sim, basta alavancar. Qualquer corretora te permite fazer isso. Então pegamos 200 emprestado da corretora, devolvemos a taxa do aluguel e temos agora 300 Reais investidos na empresa A, que me dará 15% de retorno, no caso como meu capital inicial está triplicado, o retorno sobre os 100 iniciais será de 45%. Legal. Posso seguir essa equação de forma linear até obter o retorno que eu (ou o cliente) desejo. Daí tantas propagandas de corretoras de Forex com anúncios de alavancagem de até 500:1. Ou seja, com 10 mil Reais você opera o equivalente a 5 Milhões. Parece bom, né? Vamos falar do risco. Fórmula da variância é (retorno)^2. Logo o desvio padrão aumenta exponencialmente com o aumento dos retornos e num sistema 500:1 é bem provável que você quebre antes de obter qualquer retorno relevante (se não souber fazer os cálculos de ajuste de posição baseado na volatilidade do ativo). Então, por esse conceito básico, realmente quanto maior o retorno, maior o risco (entendido contra minha vontade como variância, desvio padrão). Isso foi verdade até 1952 quando Markowitz (após ler a tese de doutorado de John Williams) estava conversando no corredor da universidade e veio em mente a possibilidade de expandir o conceito e pensar num portfólio (conjunto de ativos numa carteira). Ele passou 2 dias pensando e calculando... se eu tenho todos os dados do ativo, eu posso calcular a variância, covariância, desvio padrão, retorno, etc. Combinou ativos e verificou que a combinação de ativos de covariância diferentes podem reduzir a volatilidade do portfólio. Parece básico hoje, né? Mas até 1952 NINGUÉM havia pensado nisso. O investidor gosta de retornos, mas não gosta de risco. Como obter uma forma de conseguir maior retorno sem aumentar proporcionalmente o risco? Markowitz deu a resposta e quebrou o paradigma. Se eu considerar risco igual a desvio padrão, a combinação de ações ou ativos com covariâncias diferentes me darão um menor desvio padrão, de forma que posso aumentar o retorno da minha carteira para um dado desvio padrão originalmente aceito. De modo contrário, para um mesmo nível de retorno esperado na carteira, posso combinar ativos de modo a diminuir o risco da carteira. Entenderam? Assim foi criado o conceito de fronteira eficiente, dado pela combinação dos ativos que darão o maior retorno possível para um determinado nível de risco que o investidor esteja disposto a aceitar. Se eu quiser maior retorno, aumentará o nível de risco da carteira, porém de forma não proporcional ao aumento do retorno. Ou seja, não temos mais uma função linear como inicialmente, mas agora uma hipérbole, como secção inclinada do cone. Concluímos que não há o melhor investimento, como falei inicialmente. Há uma combinação de ativos que combinados em determinadas proporções me darão o retorno desejado com um risco (entendido como variância, não canso de repetir pois isso não é exatamente meu conceito de risco) abaixo do que seria esperado para os ativos individuais que compõem a carteira. Ou seja, é possível aumentar o retorno e diminuir o risco SIM! Seu consultor financeiro certamente te dará opções de carteiras otimizadas. Eu tenho uma forma própria de calcular o peso das ações num portfólio individual do cliente após ele preencher o meu questionário de perfil de risco. Sigo o mesmo princípio de primeiro saber o retorno desejado e então calcular para diminuir o risco da carteira, facilitando a aplicação psicológica do investimento nos bons e maus períodos de retorno que inevitavelmente ocorrem.

Hoje vejo muitos colegas planejadores financeiros recomendando compra de NTN-B2035 e LTN2023 como sendo as melhores opções na renda fixa brasileira, e ainda mais que Bolsa no Brasil não paga prêmio de risco, blá blá blá... Ok. Concordo com essas opções e pessoalmente as tenho em carteira. No caso das NTNs compramos quando os juros passam dos 6% e venderemos quando eles atingirem 3% embolsando a diferença. Quanto mais rápido for a queda e quando mais longo o duration do título, maior será a rentabilidade. Tenho operado renda fixa com objetivos de 200% do CDI e neste ano já atingimos essa marca (faltam 10 dias para acabar o ano). O cálculo da rentabilidade é relativamente simples, bastando dividir o valor do título pela taxa elevada ao período do título, nas duas taxas em estudo. Assim terá o ganho de rentabilidade só pela queda dos juros, além é claro da rentabilidade obtida pela passagem do tempo. Para calcular o preço da NTN dá um pouco mais de trabalho pois vamos precisar do VNA. Vou deixar a demonstração do cálculo para uma próxima postagem. Quanto à LTN realmente gosto muito, em especial a mais longa (2023) pois estão embutindo uma inflação bem acima da que iremos presenciar na realidade (essa é minha tese), o que se transformará em rentabilidade real no bolso em mais 1 ou 2 anos. Ou seja, os títulos AINDA estão sendo vendidos como se a inflação implícita (futura) estivesse acima do centro da meta (em torno de 5% hoje). Se você também acha que ela estará no centro ou abaixo, certamente terá uns 7% de lucro real no bolso, podendo até superar as NTNs. As mais longas ganharão mais, pois o prazo é o coeficiente exponencial ao qual a rentabilidade está atrelada. Como as LTN valem 1000 no vencimento, basta aplicar o desconto da taxa para se obter o valor do título hoje de forma fácil e direta.
Certo, mas e daí? Então esse seria o melhor investimento? Não né? Já falei acima. Depende de sua propensão ao risco. Uma carteira apenas com esses dois títulos terá uma alta volatilidade relativa e o retorno é imprevisível no tempo, não sendo a reta de Sharpe igual a 1 obtido com a Selic. Poderemos inclusive passar períodos de retorno negativo (índice Sharpe negativo) mesmo sendo apenas com títulos de renda fixa e períodos praticamente sem retornos (onde o CDI vai nos bater). Porém, se a tese macro do investimento estiver correta, é possível repetir os 200% do CDI até o final do próximo ano. Quem não aceita a alta volatilidade, terá que montar uma carteira com menor objetivo de retorno, 110-150% do CDI através da combinação de títulos. Aí entram os princípios de Markowitz comentado acima... certamente deixando um bom retorno com baixa volatilidade durante o ano. Seu gráfico estará mais para uma reta ascendente que o zig zag da minha carteira pessoal. Sim, tenho alta volatilidade e só assim consegui (junto com alguns clientes) obter mais de 100% de rentabilidade na carteira geral de ações de 2016. Para mais detalhes do nosso Setup Holanda Trader em ações e Consultoria em investimentos, favor entrar em contato pelo holandatrader@hotmail.com

Já escrevi bastante e não vai dar para terminar essa conversa. Ainda ficou faltando falar do conceito de portfólio de mercado e sua tangente com a fronteira eficiente como sendo o portfólio ótimo. Fica para outro dia. Queria ainda fazer uma crítica à Teoria de investimento em Valor x Hipótese de Mercado Eficiente, mas seria longo e fica pra próxima.

Ps: índice Sharpe é calculado pela diferença de retorno do mercado com a taxa livre de risco, ajustada pelo desvio-padrão das cotações. Não é um bom indicador para avaliar estratégias de alta curtose com skew positivo, por se basear em curva de Gauss. Traders Seguidores de Tendência não o utilizam como parâmetro, embora seja universalmente usado pela indústria de fundos de investimentos como pseudo marcador de competência do gestor. Não caia nessa se seu objetivo é obter retorno absoluto.

Abraço a todos e bons trades,
Holanda Trader

sábado, 10 de dezembro de 2016

Back to the basic... 02

Olá pessoal,

Frente à excelente recepção do post anterior (sobre Tesouro Direto), vou continuar postando algo mais básico e que seja útil aos iniciantes.

Fiz um pequeno resumo sobre Fundos de Investimentos.
Não há indicações de quais os melhores fundos para se participar, pois isso depende da análise financeira de cada cliente e a alocação depende do perfil de risco e objetivos de cada um, coisa que só posso fazer em particular. De toda forma, pode ser que as informações sobre o que são, como funcionam, o que significam os termos usados por essa indústria e características de tributação possam ser úteis a alguns de vocês que ainda estão apenas na fase de curiosidade. Da mesma forma, não falarei sobre estratégias utilizadas por cada um dos gestores que conheço e se estão adequadas ou não ao momento macro atual. Depois da leitura, minha recomendação é que saiam da fase do medo e procurem alguém para te orientar e partir para ação. Estamos num excelente momento para se investir. Capital sobrando no meio da crise vale ouro!

Produtos de Investimento – Fundos de Investimento
Características e conceitos

1-      Cotas:
O fundo de investimento é uma comunhão de recursos de diferentes pessoas (existem fundos exclusivos) com o objetivo de aplicar em ativos financeiros.
A cota se refere a uma fração ideal do patrimônio do fundo. As cotas são escriturais e nominativas.
De acordo com o valor investido no fundo, o investidor terá adquirido um número X de cotas desse fundo, ou seja, uma determinada fração do patrimônio desse fundo, em proporção com o capital alocado. Para saber quantas cotas foram adquiridas, basta dividir o valor alocado no fundo pelo investidor e pelo valor de cada cota, seja no dia do aporte (se for um fundo com cotização D+0) ou no dia correspondente à cotização, conforme determinado no regulamento do fundo. O que importa não é exatamente a data em que o investidor aportou o recurso, mas sim a data em que o fundo cotizará sua aplicação.
À medida que o valor da cota sobe, o valor investido por determinado investidor também subirá proporcionalmente, afinal ele é detentor de X cotas daquele fundo. Importante lembrar que no último dia útil de Maio e Novembro serão subtraídas cotas de cada investidor correspondendo à alíquota mínima do IR sobre o lucro (normalmente 15% ou 20% para fundo de curto prazo). Nos fundos com mais de 67% em ações não haverá o come-cotas.

2-      Taxa de administração:
É uma taxa cobrada pelo administrador do fundo a fim de cobrir os custos de administração e gestão (além de prover lucro aos mesmos). Normalmente é cobrada de forma percentual ao ano (com provisão diária) sobre o patrimônio líquido do fundo. Importante lembrar que o valor da cota divulgada é líquido, livre de taxas. O valor cobrado como taxa de administração é variável para cada fundo.

3-      Taxa de Performance:
Taxa cobrada (desde que prevista em regulamento) quando o desempenho do fundo ultrapassa determinado benchmark pré-determinado. Normalmente é cobrada como um percentual da rentabilidade que ultrapassa o benchmark.  Funciona como uma taxa extra de incentivo ao gestor para a obtenção de bons resultados.
Nos fundos de curto prazo, referenciado e renda fixa é vedada a cobrança de taxa de performance, salvo quando destinados a investidores qualificados ou, no caso dos fundos renda fixa, se tiverem o tratamento fiscal destinado a fundos de longo prazo.

4-      Taxa de Entrada e Saída:
Taxa de entrada (ou de carregamento) é uma taxa que poderá ser cobrada do investidor em alguns tipos de fundo quando da aquisição de cotas.
A taxa de saída é paga em alguns fundos quando o investidor decide resgatar seu dinheiro sem aguardar os prazos estabelecidos em regulamento para resgate. Também chamada de taxa de resgate antecipado. Os valores são variáveis em cada fundo, assim como sua forma de cobrança e prazo de carência. Em alguns fundos não há a opção de taxa de saída antecipada, de forma que o investidor não tem a opção de receber seu resgate financeiro sem cumprir os prazos pré-estabelecidos.
Essas taxas não estão incluídas no valor da cota divulgada.

5-      Estratégias de Gestão
a.       Gestão Passiva:
Fundo cuja estratégia do gestor é acompanhar o desempenho de determinado benchmark. Para isso ele adquire ativos que repliquem o desempenho do benchmark. Por exemplo, um fundo DI, poderá ter em sua composição ativos que acompanhem o rendimento do CDI (LCI, LCA, CDB, títulos públicos indexados ao CDI, etc). Um fundo de ações Ibovespa Indexado, poderá ter um sua composição apenas cotas de ETFs do Ibovespa ou uma carteira de ações que replique o índice em sua composição.

b.      Gestão Ativa:
Fundos nos quais o gestor tenta através de gestão ativa dos ativos obter um rendimento superior ao obtido pelo benchmark que acompanha. No caso de um fundo de ações, por exemplo, com gestão ativa, o gestor seleciona ações que visem a superar o rendimento do Ibovespa. Outro grande exemplo são os fundos multimercados que visam superar o CDI, quando o gestor faz uso de diversos instrumentos para alcançar tal objetivo (embora nem sempre consiga).

6-      Classificação de Fundos (CVM)
I – Curto Prazo:  Apresentam o prazo médio da carteira inferior a 60 dias.  Os títulos da carteira devem ter prazo inferior a 375 dias.
II – Referenciado: Deve ter no mínimo 95% do patrimônio investido em ativos que acompanham um índice de referência, sendo 80% no mínimo destinado a títulos públicos e ativos de baixo risco.
III - Renda Fixa: Devem ter pelo menos 80% da carteira destinado a ativos que acompanham a taxa de juros, índice de preço ou ambos.
IV – Multimercado: Apresentam vários fatores de risco, podendo investir em diferentes classes de ativos, sem o risco de concentração em nenhum. No multimercado crédito privado, mais de 50% do patrimônio dos ativos devem ser de crédito privado. Podem investir até 20% dos ativos no exterior. Podem fazer uso de derivativos para hedge ou alavancagem, e cobrar taxa de performance.
IV – Ações: Devem ter pelo menos 67% do patrimônio em ações, bônus de subscrição, certificado de depósito em ações, cotas de fundos de ações e fundos de índice, BDRs nível II e III.
V – Cambial: Devem ter no mínimo 80% da carteira investido em ativos que acompanhem a variação de preços da moeda estrangeira.
VI - Dívida Externa:  Investem em títulos brasileiros negociados no exterior. Devem ter pelo menos 80% do patrimônio em ativos em títulos da dívida externa de responsabilidade da União. Os outros 20% podem ser investidor em outros títulos de crédito negociados no exterior. É permitido a utilização de derivativos para fazer hedge, mas não para alavancagem.


7-      Tributação em Fundos de Investimento
O imposto de renda sobre o lucro é devido tanto em fundos de renda fixa como os de renda variável. Podem ser divididos em fundos de Curto Prazo (carteira com prazo médio inferior a 365 dias) e Longo Prazo (carteira com prazo médio superior a 365 dias). A alíquota é variável de acordo com o prazo da aplicação, sendo retido na fonte conforme a tabela:
Até 180 dias: 22,5%
181 a 360 dias: 20%
361 a 720 dias: 17,5%
Acima de 720 dias: 15%
Para os fundos de Curto Prazo, até 180 dias 22,5%; após 180 dias 20%. Apenas essas duas alíquotas.
No último dia útil dos meses de maio e novembro de cada ano, são tributados através do “come-cotas” pela alíquota mínima de cada categoria (Fundo de Curto Prazo 20%; Fundo de Longo Prazo 15%), ou no resgate, se ocorrido em data anterior, baseado nas alíquotas correspondentes ao prazo. Eventual complementação de imposto além do come-cotas será devido no resgate, sob a responsabilidade do administrador do fundo.
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é gerado no resgate das cotas de fundos de investimento com carência (na data do resgate se antes de finda a carência, 0,5% ao dia, limitado ao rendimento);  fundos com liquidez diária e menos de 67% em ações (se o resgate ocorrer antes do 30º dia de aplicação, de acordo com tabela regressiva própria).

Fundos de ações com mais de 67% do patrimônio em ações, não sofrem incidência de IOF.

Por enquanto é isso.
Lembro que 90% dos gestores não batem sequer o índice de referencia. Então, antes de entregar seu suado dinheiro a qualquer um, busque conhecer o gestor e as estratégias que ele está utilizando, assim como a composição da carteira do fundo. Tudo isso é relativamente fácil de se fazer com um Planejador Financeiro.

Abraço a todos e sucesso!
Holanda Trader
holandatrader@hotmail.com

domingo, 4 de dezembro de 2016

Back to the basics...

Olá amigos e seguidores do Blog Holanda Trader!

Agradeço a todos pelo acompanhamento, pois temos como acompanhar os acessos e os números não param de crescer. Agradeço também às dezenas de acessos dos EUA e Canadá. Venham aproveitar a terra do maior juros real do mundo!

Quase que diariamente recebo emails pedindo informações sobre Tesouro Direto, como iniciar, como abrir conta em corretora, etc. Respondo com o maior prazer, embora não tenha nenhum interesse comercial. Não ganho nada com isso. Faço porque gosto. Mais. Acho que é paixão enquanto dure...

Resolvi fazer um pequeno resumo de alguns tópicos que possam interessar aos iniciantes nos investimentos. Talvez isso reduza o número de emails com perguntas mais básicas, embora esteja sempre à disposição para dúvidas sobre o assunto abordado abaixo e para discutir estratégias mais avançadas de especulação com juros (que não é o caso dessa postagem agora).

Aproveitando o momento, tivemos uma subida forte dos juros futuros nas últimas 3 semanas, o que certamente abre uma nova janela para aumentar as posições agressivas que vão se beneficiar da queda dos juros, segundo minha perspectiva macroeconômica. Sinceramente não acreditava que teríamos essa nova oportunidade. Nossa forma falha de pensar linearmente sempre nos engana. O mercado oscila, mas essas oscilações não entraram nos cálculos de retorno de curto prazo. Obviamente as posições que já possuía (iniciadas desde 2015 no ápice do Risco-Brasil) entraram em prejuízo parcial, se considerarmos as últimas duas semanas, porém a rentabilidade continua bem superior ao CDI no ano, mesmo considerando apenas os títulos do Tesouro. Para quem puder, aumente as posições em pré-fixados e indexados ao IPCA com durations mais longos, balanceando como recomendado nos relatórios semanais da nossa consultoria. Vamos fechar 2016 muito bem, embora um pouco abaixo dos 200% do CDI que planejava.

Abraço a todos e aproveitem o resumo!
Holanda Trader


TESOURO DIRETO

Principais características dos seguintes títulos:
1-      Tesouro Prefixado (LTN)
Caracteriza-se por apresentar uma rentabilidade fixa e garantida no vencimento. Cada título unitário custará 1.000,00 na data do vencimento. O cálculo do valor presente do título é feito aplicando-se o desconto da taxa de juros pré-combinada sobre o valor final do título (1.000,00) dentro do período entre a compra e o vencimento. Apresenta fluxo simples de pagamento, ou seja, o valor aplicado + juros são pagos no vencimento. Caso o investidor deseje vender o título antes do vencimento, o Tesouro recompra a preço de mercado, ou seja, sem garantia de rentabilidade, embora haja possibilidade de se ganhar até mais que a taxa combinada inicialmente caso haja uma queda nas taxas de juros durante o período da aplicação.
2-      Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)
Bom para quem deseja utilizar os rendimentos periódicos, já que este título paga semestralmente os juros. No vencimento será pago a última parcela dos juros + o valor investido inicialmente. Em caso de resgate antecipado, o Tesouro recompra a preço de mercado, podendo o investidor ter lucro ou prejuízo, ou seja, rentabilidade maior ou menor que a inicialmente combinada. No pagamento dos juros semestrais há incidência de imposto de renda de acordo com a tabela regressiva, conforme será detalhada no item tributação abaixo.
3-      Tesouro Selic (LFT)
Uma forma de título pós-fixado em que o valor é ajustado diariamente proporcionalmente à Selic. Apresenta baixa volatilidade e valor sempre ascendente. Bom para investidores conservadores que não aceitam variações negativas no resultado de suas carteiras. Ideal para ser utilizado como reserva de emergência ou para utilização de curto prazo, visto não apresentar surpresas negativas quanto ao resultado financeiro no curto prazo. Bom para ciclos de ascensão da taxa Selic para se capturar o aumento dos juros. O valor original + juros é pago no resgate.
4-      Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B)
São títulos considerados pós-fixados já que a rentabilidade não é plenamente conhecida no momento da compra, embora possuam uma porção pré-fixada (juros) que será paga semestralmente chamado de cupom semestral (hoje obviamente é tudo eletrônico) e outra pós-fixada correspondente ao IPCA do período. Apresentam diferentes vencimentos e o pagamento periódico dos juros sofre incidência de imposto de renda. Bom para quem deseja usufruir dos juros gerados pelo investimento sem perder o poder de compra do principal, já que o valor investido inicialmente continua sendo atualizado pelo IPCA. Para o cálculo do valor do título é multiplicado o Valor Nominal Atualizado (VNA) pelo fator de juros do período. No vencimento se resgata o principal + IPCA do período (VNA) + última parcela do cupom semestral e a tributação incide sobre o lucro do investimento. Apresentam garantia de recompra diária pelo Tesouro a valor de mercado, podendo o investidor incorrer em perdas no caso da recompra antecipada.


5-      Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)
São títulos que apresentam uma porção pós-fixada indexada ao IPCA + uma porção pré-fixada em juros. São bons para investimentos de longo prazo para se proteger dos riscos de inflação no período, já que independentemente do resultado do IPCA, é garantido uma taxa de juros a mais, chamada de juros reais. Apresentam como vantagem ter durations longos, caso seja desejo do investidor. Podem também ser utilizados para especulação durante ciclos de queda na taxa de juros devido à porção pré-fixada dos juros que faz o título se valorizar quando a taxa de juros cai. Nesse caso, os durations mais longos serão mais sensíveis à queda de curto prazo. O Tesouro recompra a qualquer tempo a valor de mercado. Embora comumente se somem o valor do IPCA + Juros pré-fixados, na realidade o cálculo de rentabilidade real é feito pelo produto de ambos os valores divididos pelo valor do dinheiro atualizado pelo IPCA. O valor do principal atualizado pelo IPCA + os juros combinados são pagos no vencimento.

Características da tributação dos títulos do Tesouro Direto – Imposto de Renda e IOF

A tributação sobre os títulos do Tesouro se dá sobre os rendimentos e o imposto é retido na fonte pelo agente de custódia.  O fator gerador é resgate, recompra ou juros dos títulos.
Para os títulos que apresentam pagamento periódico de juros, o prazo para contagem da alíquota é da emissão ou transferência do título.

Seguem a mesma tabela regressiva usada para os investimentos em renda fixa:
Até 180 dias: 22,5%
181 a 360 dias: 20%
361 a 720 dias: 17,5%
Acima de 720 dias: 15%

O Imposto sobre Operação Financeira (IOF) incide nos investimentos de prazo inferiores a 30 dias (resgate, recompra ou juros). Seguem a tabela própria regressiva cujo percentual decresce no tempo (inicia em 96% no dia 01 e cai a 0% no dia 30) e incide apenas sobre os rendimentos do período.







Simulação de três títulos do Tesouro Direto.

Título
Data da compra
Data do Vencimento
Taxa do Papel na Compra (%a.a.)
Taxa de administração do banco/corretora (% a.a.)
Tesouro IPCA+ 2019
Data da simulação
15/05/2019
6,22
0,20
Tesouro Prefixado 2023
Data da simulação
01/01/2023
12,13
0,20
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026
Data da simulação
15/08/2020
6,14
0,20

Resultados:
Item
Tesouro IPCA+ 2019
Tesouro Prefixado 2023
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026
Dias corridos entre a data de compra e a de vencimento:
891
2218
1349
Dias corridos entre a data de compra e a de venda:
891
2218
1349
Dias úteis entre a data de compra e a de vencimento:
610
1525
928
Dias úteis entre a data de compra e a de venda:
610
1525
928
Valor investido líquido:
1000,00
1000,00
1000,00
Rentabilidade bruta (a.a.):
13,03
12,09
13,00
Taxa de Negociação (0,0%):
0
0
0
Taxa de administração na entrada:
2,00
2,00
2,00
Valor investido bruto:
1002,00
1002,00
1002,00
Valor bruto do resgate:
1347,84
1999,40
1508,74
Valor da taxa de custódia do resgate:
8,59
27,33
12,85
Valor da taxa de administração do resgate:
3,38
15,22
6,44
Alíquota média de imposto de renda:
15,00%
15,00%
15,78%
Imposto de renda:
50,38
143,53
80,30
Valor líquido do resgate:
1285,50
1813,33
1409,15
Rentabilidade líquida após taxas e I.R. (a.a.):
10,84
10,30
10,74
 * Considerei IPCA médio de 6,5% no período e hoje como data de compra.