Frente à excelente recepção do post anterior (sobre Tesouro Direto), vou continuar postando algo mais básico e que seja útil aos iniciantes.
Fiz um pequeno resumo sobre Fundos de Investimentos.
Não há indicações de quais os melhores fundos para se participar, pois isso depende da análise financeira de cada cliente e a alocação depende do perfil de risco e objetivos de cada um, coisa que só posso fazer em particular. De toda forma, pode ser que as informações sobre o que são, como funcionam, o que significam os termos usados por essa indústria e características de tributação possam ser úteis a alguns de vocês que ainda estão apenas na fase de curiosidade. Da mesma forma, não falarei sobre estratégias utilizadas por cada um dos gestores que conheço e se estão adequadas ou não ao momento macro atual. Depois da leitura, minha recomendação é que saiam da fase do medo e procurem alguém para te orientar e partir para ação. Estamos num excelente momento para se investir. Capital sobrando no meio da crise vale ouro!
Produtos de
Investimento – Fundos de Investimento
Características e
conceitos
1-
Cotas:
O fundo de investimento é uma comunhão de
recursos de diferentes pessoas (existem fundos exclusivos) com o objetivo de
aplicar em ativos financeiros.
A cota se refere a uma fração ideal do
patrimônio do fundo. As cotas são escriturais e nominativas.
De acordo com o valor investido no fundo, o
investidor terá adquirido um número X de cotas desse fundo, ou seja, uma
determinada fração do patrimônio desse fundo, em proporção com o capital
alocado. Para saber quantas cotas foram adquiridas, basta dividir o valor
alocado no fundo pelo investidor e pelo valor de cada cota, seja no dia do
aporte (se for um fundo com cotização D+0) ou no dia correspondente à cotização,
conforme determinado no regulamento do fundo. O que importa não é exatamente a
data em que o investidor aportou o recurso, mas sim a data em que o fundo
cotizará sua aplicação.
À medida que o valor da cota sobe, o valor
investido por determinado investidor também subirá proporcionalmente, afinal
ele é detentor de X cotas daquele fundo. Importante lembrar que no último dia
útil de Maio e Novembro serão subtraídas cotas de cada investidor
correspondendo à alíquota mínima do IR sobre o lucro (normalmente 15% ou 20%
para fundo de curto prazo). Nos fundos com mais de 67% em ações não haverá o
come-cotas.
2-
Taxa de administração:
É uma taxa cobrada pelo administrador do
fundo a fim de cobrir os custos de administração e gestão (além de prover lucro
aos mesmos). Normalmente é cobrada de forma percentual ao ano (com provisão
diária) sobre o patrimônio líquido do fundo. Importante lembrar que o valor da
cota divulgada é líquido, livre de taxas. O valor cobrado como taxa de administração
é variável para cada fundo.
3-
Taxa de Performance:
Taxa cobrada (desde que prevista
em regulamento) quando o desempenho do fundo ultrapassa determinado benchmark
pré-determinado. Normalmente é cobrada como um percentual da rentabilidade que
ultrapassa o benchmark. Funciona como
uma taxa extra de incentivo ao gestor para a obtenção de bons resultados.
Nos fundos de curto prazo,
referenciado e renda fixa é vedada a cobrança de taxa de performance, salvo
quando destinados a investidores qualificados ou, no caso dos fundos renda
fixa, se tiverem o tratamento fiscal destinado a fundos de longo prazo.
4-
Taxa de Entrada e Saída:
Taxa de entrada (ou de carregamento) é uma
taxa que poderá ser cobrada do investidor em alguns tipos de fundo quando da
aquisição de cotas.
A taxa de saída é paga em alguns fundos
quando o investidor decide resgatar seu dinheiro sem aguardar os prazos
estabelecidos em regulamento para resgate. Também chamada de taxa de resgate
antecipado. Os valores são variáveis em cada fundo, assim como sua forma de
cobrança e prazo de carência. Em alguns fundos não há a opção de taxa de saída
antecipada, de forma que o investidor não tem a opção de receber seu resgate
financeiro sem cumprir os prazos pré-estabelecidos.
Essas taxas não estão incluídas no valor da
cota divulgada.
5-
Estratégias de Gestão
a.
Gestão Passiva:
Fundo cuja estratégia do gestor é acompanhar o desempenho de determinado
benchmark. Para isso ele adquire ativos que repliquem o desempenho do
benchmark. Por exemplo, um fundo DI, poderá ter em sua composição ativos que
acompanhem o rendimento do CDI (LCI, LCA, CDB, títulos públicos indexados ao
CDI, etc). Um fundo de ações Ibovespa Indexado, poderá ter um sua composição
apenas cotas de ETFs do Ibovespa ou uma carteira de ações que replique o índice
em sua composição.
b.
Gestão Ativa:
Fundos
nos quais o gestor tenta através de gestão ativa dos ativos obter um rendimento
superior ao obtido pelo benchmark que acompanha. No caso de um fundo de ações,
por exemplo, com gestão ativa, o gestor seleciona ações que visem a superar o
rendimento do Ibovespa. Outro grande exemplo são os fundos multimercados que
visam superar o CDI, quando o gestor faz uso de diversos instrumentos para
alcançar tal objetivo (embora nem sempre consiga).
6-
Classificação de Fundos (CVM)
I – Curto Prazo: Apresentam o prazo médio da carteira inferior
a 60 dias. Os títulos da carteira devem
ter prazo inferior a 375 dias.
II – Referenciado: Deve ter no
mínimo 95% do patrimônio investido em ativos que acompanham um índice de
referência, sendo 80% no mínimo destinado a títulos públicos e ativos de baixo
risco.
III - Renda Fixa: Devem ter pelo
menos 80% da carteira destinado a ativos que acompanham a taxa de juros, índice
de preço ou ambos.
IV – Multimercado: Apresentam
vários fatores de risco, podendo investir em diferentes classes de ativos, sem
o risco de concentração em nenhum. No multimercado crédito privado, mais de 50%
do patrimônio dos ativos devem ser de crédito privado. Podem investir até 20%
dos ativos no exterior. Podem fazer uso de derivativos para hedge ou
alavancagem, e cobrar taxa de performance.
IV – Ações: Devem ter pelo menos
67% do patrimônio em ações, bônus de subscrição, certificado de depósito em
ações, cotas de fundos de ações e fundos de índice, BDRs nível II e III.
V – Cambial: Devem ter no mínimo
80% da carteira investido em ativos que acompanhem a variação de preços da
moeda estrangeira.
VI - Dívida Externa: Investem em títulos brasileiros negociados no
exterior. Devem ter pelo menos 80% do patrimônio em ativos em títulos da dívida
externa de responsabilidade da União. Os outros 20% podem ser investidor em
outros títulos de crédito negociados no exterior. É permitido a utilização de
derivativos para fazer hedge, mas não para alavancagem.
7-
Tributação em Fundos de Investimento
O imposto de renda sobre o lucro
é devido tanto em fundos de renda fixa como os de renda variável. Podem ser
divididos em fundos de Curto Prazo (carteira com prazo médio inferior a 365
dias) e Longo Prazo (carteira com prazo médio superior a 365 dias). A alíquota
é variável de acordo com o prazo da aplicação, sendo retido na fonte conforme a
tabela:
Até 180 dias: 22,5%
181 a 360 dias: 20%
361 a 720 dias: 17,5%
Acima de 720 dias: 15%
Para os fundos de Curto Prazo,
até 180 dias 22,5%; após 180 dias 20%. Apenas essas duas alíquotas.
No último dia útil dos meses de
maio e novembro de cada ano, são tributados através do “come-cotas” pela
alíquota mínima de cada categoria (Fundo de Curto Prazo 20%; Fundo de Longo
Prazo 15%), ou no resgate, se ocorrido em data anterior, baseado nas alíquotas
correspondentes ao prazo. Eventual complementação de imposto além do come-cotas
será devido no resgate, sob a responsabilidade do administrador do fundo.
O Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) é gerado no resgate das cotas de fundos de investimento com
carência (na data do resgate se antes de finda a carência, 0,5% ao dia,
limitado ao rendimento); fundos com
liquidez diária e menos de 67% em ações (se o resgate ocorrer antes do 30º dia
de aplicação, de acordo com tabela regressiva própria).
Fundos de ações com mais de 67%
do patrimônio em ações, não sofrem incidência de IOF.
Por enquanto é isso.
Lembro que 90% dos gestores não batem sequer o índice de referencia. Então, antes de entregar seu suado dinheiro a qualquer um, busque conhecer o gestor e as estratégias que ele está utilizando, assim como a composição da carteira do fundo. Tudo isso é relativamente fácil de se fazer com um Planejador Financeiro.
Abraço a todos e sucesso!
Holanda Trader
holandatrader@hotmail.com
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