domingo, 21 de maio de 2017

Por que todos não seguem a Teoria Moderna do Portfólio?

Olá pessoal,

Quando estudamos MPT na academia, tudo parece muito simples. Vamos realizar os cálculos sugeridos (retorno médio, desvio-padrão e correlação) pelo modelo, aplicar em nossa carteira, escolher onde queremos nos posicionar na curva ótima de risco x retorno, rebalancear a cada ano, e ficaremos ricos. Será?

Claro que não!

A Teoria Moderna do Portfólio como foi desenvolvida por Markovitz leva em conta algumas premissas que não são claramente divulgadas, mas que podem ser acessíveis a quem se propõe a estudá-la. Quando se conhecem as premissas, fica mais fácil entender o porquê ela não pode ser facilmente aplicada na prática. Vejamos as principais:

1- A utilidade da riqueza assume função quadrática: isso significa que quanto maior a riqueza, mais averso ao risco o investidor se torna. Ou seja, quanto mais dinheiro tenho, menos risco corro. Isso é o que está na fórmula, porém não acontece na prática: W - b(W)2; sendo b índice de aversão ao risco.
Daí entra a teoria da prospecção (também prêmio Nobel) para explicar como funciona nossa mente e derrubar a matemática de Markowitz. Na prática isso não é observável. Tchau Markowitz.

2- Na curva não devem haver restrições ao investimento. Na prática não conseguimos criar portfólios com posições vendidas em ações por muito tempo devido ao risco e custo da venda de ações no Brasil. Além disso, existem restrições de capital que pode ser alocado na venda devido a garantia exigida pelas corretoras. Outro ponto contrário é a alavancagem da carteira que devido ao custo, também não tem dado bons resultados no Brasil. Outro ponto negativo é o número de ativos. Temos no Brasil ainda certa restrição ao investimento no exterior e acesso à diversificação adequada, em especial no mercado futuro e de opções que ainda estão em desenvolvimento em nosso país, dificultando uma boa alocação que permita mover a fronteira eficiente para esquerda. Somos forçados a investir numa fronteira desviada à direita com maior risco para um determinado nível de retorno.

3- A distribuição dos retornos seguem a normalidade. Outra premissa totalmente teórica. Na prática isso não acontece. A distribuição dos retornos das ações segue uma distribuição leptocúrtica. Ou seja, apresenta caudas mais gordas que a curva normal. Além disso os retorno não são simétricos ao redor do centro e sim desviados à esquerda (skew negativo). Na prática não tem como aplicar esse conhecimento, visto ser simplismente inaplicável para o mercado ao qual se propõe!!! Tchau Markowitz.

4- MPT considera apenas um período. Ou seja, considera que os retornos são independentes no tempo. Isso infelizmente não acontece em longos horizontes. Se isso fosse verdade, as informações dos últimos 5 anos nada poderiam nos afirmar sobre os próximos 5 anos, já que eles seriam independentes. Na verdade os retornos apresentam características de retorno à média ao longo do tempo. Existem vários estudos mostrando isso. Novamente, tchau Markowitz.

Acho que esses argumentos já são suficientes para entender porque a Teoria Moderna do Portfólio apesar de linda no papel, não pode ser aplicada na prática, embora seus conceitos teóricos sempre pairem na cabeça dos alocadores de ativos durante a composição de suas carteiras.

Abraço a todos e bons trades,
Holanda Trader.

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